CONTOS DE DRICA
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Os Dois Viajantes e o Urso
Dois homens viajavam juntos através de uma densa floresta, quando, de repente, sem que nenhum deles esperasse, um enorme urso surgiu do meio da vegetação, à frente deles.
Um dos viajantes, de olho em sua própria segurança, não pensou duas vezes, correu e subiu numa árvore.
Ao outro, incapaz de enfrentar aquela enorme fera sozinho, restou deitar-se no chão e permanecer imóvel, fingindo-se de morto. Ele já escutara que um Urso, e outros animais, não tocam em corpos de mortos.
Isso pareceu ser verdadeiro, pois o Urso se aproximou dele, cheirou sua cabeça de cima para baixo, e então, aparentemente satisfeito e convencido que ele estava de fato morto, foi embora tranquilamente.
O homem que estava em cima árvore então desceu. Curioso com a cena que viu lá de cima, ele perguntou:
"Me pareceu que o Urso estava sussurrando alguma coisa em seu ouvido. Ele lhe disse algo?"
"Ele disse sim!" respondeu o outro, "Disse que não é nada sábio e sensato de minha parte, andar na companhia de um amigo, que no primeiro momento de aflição me deixa na mão!".
Moral da História:
"A crise é o melhor momento para nos revelar quem são os verdadeiros amigos.”
Autor: Esopo
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Novas regras da Língua Portuguesa II
1.Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Exemplos:
autoescola
antiaéreo
intermunicipal
supersônico
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
* Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se essas letras. Exemplos:
minissaia
antirracismo
ultrassom
semirreta
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Amor é fogo que arde sem se ver
“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?”
domingo, 9 de agosto de 2009
Orfeu e Eurídice
ORFEU, O FILHO DA MUSA Calíope, era o mais talentoso músico que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ele ganhou a lira de Apolo; alguns dizem que Apolo era seu pai.
Orfeu era casado com Eurídice. Mas Eurídice era tão bonita que atraiu um homem chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a picou e a matou.
Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro, Caronte, a levá-lo vivo pelo Rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões; seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados.
Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua mulher Perséfone, implorou-lhe que atendesse ao pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol.
Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice estava seguindo-o.
Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. Em total desespero, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo se lembrar da perda de sua amada. Furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, e o despedaçaram. Jogaram sua cabeça cortada no Rio Hebrus, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!"
Chorando, as nove musas reuniram seus pedaços e os enterraram no Monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente do que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu a sua amada Eurídice.
Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em silenciosos carvalhos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão.
Enéias no mundo dos mortos
Enéias, filho da deusa Vênus e do humilde pastor de Tróia, Anquises, é conhecido como o pai dos romanos. Ele foi um dos grandes guerreiros da cidade de Tróia, sitiada pelos gregos durante muitos anos. Quando os gregos capturaram a cidade, ele escapou, carregando o pai nas costas. Depois de uma longa caminhada, chegou à Itália.
No caminho, Enéias passou por muitas aventuras. Seu pai, Anquises, morreu; ele amou e perdeu a rainha Dido, de Cartago. Mas em todos os momentos a vontade dos deuses, e seu próprio grande destino, o guiou.
Aconteceu que, em sua jornada, Enéias e seus navios chegaram a Cuma onde Sibila morava em sua caverna, dizendo as profecias do deus Apolo em uma voz que ecoava pelas centenas de bocas da caverna. O templo de Apolo em Cuma foi encontrado por Dédalo , no lugar onde ele aterrissou depois de seu vôo desde Creta. Foi o próprio Dédalo quem forjou as portas de ouro do templo, com todas as cenas da historia do rei Minos, a rainha Pasífae e o Minotauro. Todas as cenas, menos uma. Duas vezes Dédalo tentou mostrar a queda de seu filho Ícaro, mas suas mãos tremeram muito e ele não conseguiu.
Enéias encontrou Sibila, e ela respondeu a suas perguntas sobre o futuro. Então ele perguntou: "É verdade que o portão do Mundo dos Mortos é aqui? Pois eu gostaria de olhar mais uma vez o rosto do meu pai."
Sibila respondeu: "A porta do Mundo dos Mortos está sempre aberta e é fácil passar por ela. Mas voltar é difícil. Se você for, leve um ramo de ouro do bosque sagrado como oferenda para Prosérpina, rainha do Mundo dos Mortos. Eu lhe guiarei".
Enéias pegou o ramo, que brilhou enquanto eles entravam no buraco negro de onde o ar envenenado do Mundo dos Mortos sai para o céu aberto. Caronte, o severo barqueiro, levou-os pelo Rio Estige, que cerca o Mundo dos Mortos.
No reino escuro, Enéias viu muitos a quem conhecia – até Dido, sua amada, mas não podia lhe falar. Ele passou pelas punições eternas de Tártaro, e finalmente chegou aos prados abençoados dos Elísios. Ali, encontrou o fantasma de seu pai.
"Pai", gritou Enéias, "deixe-me abraçá-lo". Mas quando ele pôs os braços ao redor de Anquises, foi como tentar agarrar a névoa.
Perto deles, Enéias viu inúmeras almas sofregamente bebendo das águas do esquecimento do Rio Lete.
"Por que as almas querem se esquecer desse lugar maravilhoso e voltar à dura vida do mundo?", perguntou.
Anquises respondeu: "No começo, tudo era puro espírito. Um pouco desse espírito se consome no corpo de cada pessoa. Mas somos destinados à vida, compelidos pelo amor e pelo temor. Poucas almas desejam permanecer nesses campos até que o círculo do tempo se complete, quando nos transformaremos em puro espírito outra vez. A maioria das almas anseia, mais cedo ou mais tarde, pelo céu aberto, e vêm para beber o esquecimento e nascer outra vez".
Anquises então mostrou para Enéias uma visão gloriosa: a nobre raça de seus descendentes. Anquises disse que eles se chamariam Romanos e criariam um grande império que duraria centenas de anos. Finalmente, pai e filho tiveram de se separar. Enéias e Sibila tomaram o caminho de volta à terra da vida, enquanto Enéias meditava sobre o magnífico destino que os deuses haviam lhe outorgado.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Lenda Árabe
Diz uma linda lenda árabe que dois amigos
viajavam pelo deserto e em um determinado
ponto da viagem discutiram.
O amigo ofendido, sem nada dizer,
escreveu na areia:
HOJE, MEU MELHOR AMIGO ME BATEU NO ROSTO.
Seguiram e chegaram a um oásis
onde resolveram banhar-se.
O que havia sido esbofeteado começou a
afogar-se sendo salvo pelo amigo.
Ao recuperar-se pegou um estilete
e escreveu numa pedra:
HOJE, MEU MELHOR AMIGO SALVOU-ME A VIDA.
Intrigado, o amigo perguntou:
Por que depois que te bati,
você escreveu na areia e agora que te salvei,
escrevestes na pedra?
Sorrindo, o outro amigo respondeu:
Quando um grande amigo nos ofende,
devemos escrever na areia onde o vento
do esquecimento e do perdão se encarregam de apagar.
Porém quando nos faz algo grandioso,
devemos gravar na pedra da memória e do coração;
onde vento nenhum do mundo poderá apagar.
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